terça-feira, 27 de abril de 2010

A América Latina ainda tem muito a aprender com a Europa


Os anos 90 e mais fortemente o novo século presenciaram um fortalecimento da globalização e das relações entre os Estados, com um aumento exacerbado das trocas comerciais, dos acordos políticos e militares e da cooperação em áreas sócio-ambientais. No entanto, é importante destacar um fenômeno que não é novo, e que parece ser oposto a essa nova globalização, mas que acaba por ser reforçado também nos últimos tempos, a Regionalização.
Assim, percebe-se que tem se tentado cada vez aliar-se a países com certa proximidade regional, na busca de um fortalecimento que pode se estender ao global. O exemplo maior deste é a União Europeia, que é considerada o caso de maior sucesso existente, e que vem evoluindo desde os anos 40. Hoje, como uma União Monetária, a União já possui uma moeda comum, o Euro, já implantado na maioria dos países-membros, além de que vêm aumentando a cooperação e a tentativa de alinhamento das políticas nacionais em questões de extrema importância, como a segurança ou as questões econômicas.
Além disso, a União ganhou força como tal, sendo exemplo disso o seu pertencimento como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), tendo um assento próprio além dos Estados Europeus que já participam.
Mas uma análise brasileira do regionalismo deve colocar a posição nessa dinâmica em que se encontra hoje o Mercosul, em especial em comparado a UE.
O alinhamento dos Estados-Membros da organização regional da América do Sul se apresenta muito mais complicado e muito menos evoluído. Pode ser caracterizado como uma União Aduaneira incompleta já que as tarifas comuns muitas vezes são deixadas de lado pelos Estados-Membros. Assim, apesar de possuir um número muito menor de Estados que a UE, a dificuldade parece ser muito maior, e enquanto alguns estadistas pensam em nomes para uma possível moeda comum, os analistas defendem que pontos muito mais importantes e falhos devem ser colocados em debate antes. Talvez a organização tenha um potencial para se desenvolver e um dia se tornar uma União Monetária, quem sabe, mas enquanto isso não ocorre, os Estados-Membros, assim como outros Estados da região latino-americana vão tentando buscar a criação de novas organizações que agrupem tanto os mais quanto os menos desenvolvidos do continente, à exemplo do “CALC”, que com um nome temporário foi criado no começo desse ano na Cúpula do México, uma “OEA B”, como alguns definem já que possui todos os membros da OEA, exceto Estados Unidos e Canadá, além de ter agregado também Cuba, que há muitos anos foi expulsa da Organização dos Estados Americanos.
O regionalismo como forma de fortalecimento internacional, como força de desenvolvimento da economia e como forma de manutenção da paz e estabilidade em um nível regional. As conseqüências são sim extremamente importantes, mas o processo é complicado e precisa de muita força por parte dos Estados que querem se beneficiar da cooperação.
Assim, esperamos, como brasileiros, que um dia possamos nos beneficiar de políticas promovidas pelo Mercosul, ou mesmo de um desenvolvimento que esse possa gerar no setor produtivo brasileiro, assim como hoje ocorre com os Estados europeus membros da UE. E enquanto isso não ocorre, continuamos assistindo as muitas conversas e encontros entre os estadistas, que na grande maioria, continuam sendo vãs tentativas de pular passos e tentar apressar o que precisa, antes de tudo, ser planejado.

Por Lais Beltrão Silva

0 comentários: